Por Paulo Sérgio Xavier Dias da Silvaé / DCI
Da forma que a seleção nacional do comércio exterior vem jogando, logo será rebaixada para a terceira divisão - Brasil Colônia. - Existe uma máxima no futebol: um bom time começa com um bom goleiro e uma defesa segura. Ela também pode ser aplicada ao comércio exterior, principalmente na atual conjuntura econômica mundial.
Neste cenário hipotético, a nossa seleção brasileira vai muito mal e corre sério risco de rebaixamento, de economia industrializada e de produtos exportáveis com alto valor agregado, para fornecedora de matérias primas agrícolas e minerais, retraindo ao período do Brasil Colônia.
A nossa defesa comercial, formada pelos técnicos do Departamento de Defesa Comercial do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Decom) está totalmente desfalcada, com poucos jogadores e sem reservas.
O clube brasileiro do comércio exterior só está perdendo de goleada e pode ser até comparado ao Íbis, considerado o pior time do mundo.
Enquanto países desenvolvidos, como os EUA e os principais emergentes possuem uma equipe técnica numerosa e de alto nível, o Decom luta desesperadamente, com uma estrutura deficiente e grupo de gato pingado.
O meio de campo, que tem a função de proteger a defesa e alimentar o ataque, escalado com jogadores das políticas cambial, fiscal, monetária e industrial está batendo cabeça e não fazem nem uma coisa, nem outra.
Aliás, o câmbio só marca gol contra e o Banco Central, que mantém o sistema de câmbio flutuante imutável, deveria ser, pelo menos, mais ágil e contundente na aplicação de medidas adicionais e restrições às entradas de investimentos especulativos.
A política fiscal é um dos pernas de pau ou cara de pau, gastando mais com pessoal e custeio e reduzindo os investimentos.
Apesar de a presidente Dilma Rousseff prometer que os investimentos não sofreriam corte, no primeiro trimestre deste ano comparado com o mesmo período do exercício anterior, os gastos com a máquina pública mais o pagamento dos juros cresceram R$ 13,2 bilhões, mais de 25% do total do corte anunciado de R$ 50 bilhões, enquanto os investimentos reduziram em R$ 300 milhões.
A política monetária é um volante que só joga para trás ou, para a lateral, insistindo em aumentar os juros, que parece ser o único instrumento para combater a inflação.
O seu impacto nas contas públicas é devastador e só neste primeiro trimestre, o acréscimo representou "a bagatela" de R$ 3,2 bilhões.
A política industrial praticamente não existe e o nosso ataque, constituído pelos empresários da indústria, ficam muito tempo sem receber a bola e o passe chega errado.
Os atacantes, sem incentivos e praticamente abandonados, correm de um lado para outro e já que pouco chuta ao gol, tentam pelo menos marcar a saída da bola, para evitarem o encerramento dos seus negócios.
O governo federal, que deveria ser o técnico do time, em vez de estimular a indústria nacional, desonerando os investimentos produtivos, incentivando a inovação tecnológica e pelo menos oferecendo um tratamento isonômico com relação aos produtos importados, não tem tática, estratégia de jogo eficiente e não sabe fazer as substituições necessárias.
Assim sendo, somos fregueses de carteirinha da China, para qual em todas as partidas apanhamos de goleada, e também estamos perdendo para os demais países asiáticos, EUA, Europa e principais emergentes.
Pior mesmo, é dar moleza para os nossos mui hermanos argentinos, que, com sua tradicional catimba, não respeitam os acordos e deitam e rolam no Mercosul.
A torcida, representada pelos trabalhadores brasileiros, está preocupada com medo do desemprego, que certamente virá, se o processo de desindustrialização continuar a avançar.
Sem vontade política para priorizar a indústria de transformação, como grande indutora do desenvolvimento econômico e maior geradora de empregos, é melhor torcer pela nossa seleção masculina de vôlei, essa sim uma vencedora, que joga sempre com garra e determinação.
Para reverter esta difícil situação vamos ter que escalar o Rogério Ceni, que defende e marca gols, para o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, e indicar o técnico Bernardinho para comandar a equipe econômica.
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