Por: Amcham / SP
Jürg Rohrer, vice-presidente mundial de desenvolvimento de negócios para petróleo e gás da DHL
A sobrecarga operacional dos portos brasileiros é um dos fatores que mais atrasam o fluxo de circulação de bens no País, situação mais complicada do que a enfrentada nos aeroportos.
No porto de Santos, maior do País, não há espaço disponível para atender prontamente a todos os navios que chegam para desembarcar ou embarcar mercadorias.
“Muitos navios têm de esperar de dois a três dias para atracar e cumprir sua escala, o que gera a necessidade de reprogramar seus itinerários futuros. Para recuperar o tempo, muitos precisam cancelar escalas”, disse Jürg Rohrer, vice-presidente mundial de Desenvolvimento de Negócios para Petróleo e Gás da DHL, que participou do comitê estratégico de Business Affairs da Amcham-São Paulo nesta quarta-feira (13/07).
Em Santos, cerca de 10% das escalas previstas acabam canceladas por falta de espaço no cais, segundo Rohrer.
Dinamismo aeroportuário
Os atrasos nos aeroportos de carga também são preocupantes, mas o dinamismo do setor ajuda a diluir o tempo de espera e as perdas com atrasos.
“Uma carga que não foi embarcada por falta de voos pode ser despachada no dia seguinte. Como há mais frequência de transporte aéreo, é mais fácil recuperar o tempo perdido”, ressaltou Rohrer.
A situação, que é muito ruim, tende a piorar nos próximos anos se não houver investimentos imediatos em ampliação de capacidade, disse Rohrer.
“O sistema de transportes entra em apagão durante a temporada de colheitas. Sem projetos para desafogar o fluxo de mercadorias, ficará cada vez mais difícil.”
Perdas com atrasos portuários
As perdas decorrentes da sobrecarga dos portos brasileiros são de aproximadamente US$ 90 para cada contêiner de 20 pés. “Esse custo acaba sendo repassado para os clientes finais, mas a cadeia produtiva também sai perdendo”, observou o executivo da DHL.
A ineficiência dos portos brasileiros é uma das maiores entre os países em desenvolvimento, só comparável à da Índia, de acordo com Rohrer. O gargalo portuário é considerado “preocupante”, pois afeta toda a logística de exportação e importação do País.
Para atender ao crescimento do mercado interno, muitas empresas estão importando mais, elevando o fluxo de compras internacionais em detrimento das exportações.
Mas, enquanto os investimentos em ampliação de capacidade não se concretizam, o setor privado procura contornar o problema através da melhoria dos processos de gestão.
A empresa de logística DHL investe em processos de simplificação das etapas de transporte, aprimoramento dos sistemas logísticos e treinamento de pessoal.
"Temos uma perda de 15% de produtividade com os gargalos logísticos; por isso, buscamos otimizar nossos processos para mitigar os efeitos negativos", disse Rohrer.
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