sexta-feira, 17 de junho de 2011

Sustentabilidade e preocupação com aquecimento global estimulam programas de eficiência energética no mundo

Por: Daniela Rocha / Amcham

A maior ênfase das empresas e dos governos nas práticas de sustentabilidade, junto com suas preocupações com o aquecimento global, têm ampliado globalmente os programas de eficiência energética – conjunto de medidas e novas tecnologias que visam redução de desperdícios e maior economia de energia. No Brasil, apesar de avanços nos últimos anos, a abordagem dessa questão ainda é incipiente. A avaliação é de Jamil Haddad, coordenador do Grupo de Estudos Energéticos e também professor de Energia dos cursos de Engenharia Elétrica e Mecânica e na Pós-graduação de Engenharia da Energia da Universidade Federal de Itajubá (Unifei), em Minas Gerais.


“No mundo, diversas questões, especialmente a necessidade de preservação de recursos naturais e o combate ao aquecimento global, têm alavancado ações de eficiência energética. Muitos países da Europa e os Estados Unidos, com forte peso da geração térmica, são os que investem mais na eficiência energética”, disse Haddad, que participou nesta quinta-feira (16/06) do comitê estratégico de Energia da Amcham-São Paulo.

De acordo com ele, o Brasil tem a tradição de investir na geração de energia, e mantém posição privilegiada, com 47% da matriz compostos por energia renovável e limpa, contra a média da matriz mundial composta por 82% de combustíveis fósseis e poluentes, emissores de gases causadores do efeito estufa. “A cultura do setor energético brasileiro a é de investir na ampliação da oferta, mas é fundamental a preocupação também com projetos para fazer uso da energia de forma mais racional, mesmo tendo uma matriz mais limpa”, considerou o professor.

As companhias que atuam no País têm colocado em prática algumas ações de eficiência energética isoladas, mas, segundo o professor, essa parcela ainda é pouco representativa. De acordo com ele, a preocupação central da iniciativa privada ainda é ter a energia necessária à produção. Além disso, conforme o especialista, seria natural enxergar a eficiência energética como ferramenta de competitividade, porém, na maioria das vezes, é mais fácil trabalhar com redução de custos em outras frentes, como na negociação com fornecedores de matérias-primas.

“A eficiência energética requer investimentos em máquinas e equipamentos, o que depende de recursos próprios ou financiamentos. Faltam incentivos e muitos empresários só se mexem com esses estímulos”, ressaltou.

Políticas vigentes

Apesar de muito recente e ainda tímida no Brasil, a eficiência energética tem um arcabouço legal positivo, avalia o professor da Unifei. A lei 10.295 de 2001 concedeu poder ao governo federal para adotar índices mínimos de eficiência para máquinas e equipamentos que consomem energia.

Na esfera do governo federal, coordenado pela Eletrobras, o Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel), instituído antes mesmo dessa lei, em 1985, vem sendo aprimorado, disse Haddad. Em 1993, foi lançado o Selo Procel, com o objetivo de orientar o consumidor no ato da compra, indicando os produtos que apresentam os melhores níveis de eficiência energética dentro de cada categoria, proporcionando, assim, economia na sua conta de energia elétrica. O programa ambém estimula a fabricação e a comercialização de produtos mais eficientes, contribuindo para o desenvolvimento tecnológico e a preservação do meio ambiente.

Sob liderança da Petrobras, Haddad cita o Programa Nacional da Racionalização do Uso dos Derivados do Petróleo e do Gás Natural (Conpet), que também presta orientações técnicas ao setor privado e conta com um selo para indicar aos consumidores aparelhos a gás que são energeticamente mais eficientes.

Outra iniciativa em vigor no Brasil é o Programa de Eficiência Energética das Empresas de Distribuição (PEE), no qual a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) estabelece a aplicação mínima de 0,5% da receita operacional líquida das distribuidoras no combate ao desperdício de energia, salientou o professor.

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