sábado, 12 de fevereiro de 2011

Secretário dos EUA faz prospecção de negócios e investimentos em infraestrutura no Brasil


Por Daniela Rocha e André Inohara / Amcham
Como parte de uma política mais incisiva de aproximação com o Brasil, uma delegação do governo americano liderada pelo secretário adjunto de Estado para Assuntos Econômicos, Energéticos e Comerciais, José Fernandez, veio ao País nesta semana para prospectar oportunidades comerciais e de investimentos, principalmente na área de infraestrutura. 
“O fluxo bilateral de negócios e investimentos apresenta imenso potencial para crescer; entretanto, esse potencial somente se tornará realidade se agirmos. Por esse motivo, trabalhamos para buscar novas e mútuas oportunidades”, enfatizou Fernandez, que participou nesta sexta-feira (11/02), na Amcham-São Paulo, do seminário “Discussão sobre Infraestrutura e Energia no Brasil”, promovido em parceria com a seção brasileira do Brazil-US Business Council.
Energia
O interesse maior dos Estados Unidos, conforme o secretário, está nos projetos do setor energético brasileiro As áreas preferenciais são as de petróleo e gás natural, biocombustíveis, sistema hidrelétrico e energia nuclear.
“Inegavelmente, o Brasil agora pertence ao grupo dos maiores players mundiais na área de energia, não apenas porque o País será brevemente o maior produtor de petróleo da América do Sul, mas porque a Petrobras é uma influente companhia global”, destacou o secretário, em referência ao terreno favorável a empreendimentos e transações na cadeia do pré-sal e ao que ainda pode ser desenvolvido na camada pós-sal.
Fernandez assinalou que há muito potencial a ser explorado, a exemplo do que já fazem as companhias americanas Baker Hughes, Schlumberger e Halliburton, que estabeleceram centros de pesquisas no Rio de Janeiro.
Os EUA também têm condições de se tornar um grande fornecedor para o Brasil de tecnologias e serviços relacionados à área de energia nuclear. O secretário afirmou que diversos estudos apontam que as novas instalações desse segmento no País estão avaliadas em US$ 25 bilhões, sendo que as empresas americanas ocupam apenas um décimo desse mercado.
Fernandez lembrou ainda as possibilidades geradas pelos eventos esportivos da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016, que serão sediados no País. “A prospecção comercial tem foco em serviços de arquiterura e engenharia, telecomunicações, financeiros, jurídicos e de segurança pública, entre outros.”
Instrumentos facilitadores
José Fernandez afirmou na Amcham que conversou com autoridades do governo brasileiro sobre a necessidade de futuros acordos para facilitar o ambiente de negócios bilaterais. Um deles, o BIT (sigla em inglês para tratado bilateral de investimentos), na visão do secretário, se trata de uma ferramenta adicional de proteção aos investidores de ambos os países.
Embora não haja previsão sobre a formalização do BIT, o secretário se disse otimista. Pelo lado americano, a questão vem sendo endereçada pelo USTR (United States Trade Representative), representante comercial americano.
O outro mecanismo é o Bilateral Tax Treaty (BTT), tratado para eliminar a bitributação que hoje penaliza empresas americanas no Brasil e brasileiras nos EUA. “Esperamos que o projeto para a troca de informações tributárias, já aprovado na Câmara, passe no Senado brasileiro. Este é um passo importante para que os países cheguem ao BTT”, pontuou. 
Interesse crescente
O interesse dos investidores internacionais por projetos de petróleo e gás está aquecido, segundo a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex). “De Pernambuco ao Rio Grande do Sul, há opções em petróleo e gás para as empresas internacionais se instalarem”, observou o gestor de projetos da agência, Alexandre Petry.
Na Apex, Petry atende atualmente oito investidores internacionais interessados em oportunidades no setor de petróleo e gás. “Eles perguntam muito sobre a questão de impostos, mão de obra e localização.”
Argumentos favoráveis às aplicações de estrangeiros também vêm de outros setores, como a indústria. “Historicamente, nesse segmento, os retornos esperados sobre os investimentos variam de 6% a 7% ao ano”, segundo Paulo Auriemo, diretor adjunto de Energia da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
“Hoje, dependendo do empreendimento, os retornos são de 8% a 10% ao ano”, observou. Diante de uma expectativa de lucratividade maior, impactos financeiros negativos trazido por questões regulatórias, como os licenciamentos ambientais – que chegam a provocar atrasos no início das obras –, acabam bastante diluídos, por se tratarem de obras de longo prazo.
Outro aspecto positivo para o investimento estrangeiro é a estabilidade política. De acordo com o diretor da Fiesp, uma grande parcela de aplicadores confia na capacidade de a presidente Dilma Rousseff  concluir os projetos de infraestrutura.
Equipamentos
O diretor da Fiesp, Paulo Auriemo, disse que o real valorizado e o mercado global desaquecido têm proporcionado preços competitivos para as companhias brasileiras, que partem para as compras.
A área de infraestrutura brasileira precisa crescer, mas a indústria nacional não consegue se preparar para atender essa demanda da noite para o dia. Nesse contexto, o País vem importando muitos equipamentos, componentes e materiais.
Os Estados Unidos estão atentos a esse movimento, salientou o secretário José Fernandez. Uma vez que o presidente Barack Obama quer dobrar as exportações em cinco anos, esse nicho, considerado relevante, é bastante considerado pelos americanos.
Petry, da Apex, lembra que a política de conteúdo local no setor petrolífero também é um atrativo. Essa política, que determina que grande parte dos componentes e equipamentos da cadeia sejam produzidas em território nacional, visa atrair companhias estrangeiras para participar mais ativamente do mercado. 
Viagem e intercâmbio
A visita da delegação americana, conduzida pelo secretário José Fernandez, foi iniciada no último dia 09/02. A primeira etapa consistiu em uma série de reuniões em Brasília, como parte do Diálogo de Parceria Econômica (EPD, na sigla em inglês).
O EPD é um mecanismo criado em 2007 para discussões constantes entre Brasil e EUA sobre oportunidades de negócios, investimentos e cooperação em pesquisas, além de um trabalho conjunto para endereçar desafios ligados à economia global e à segurança alimentar e energética.
Como parte do EPD, Mark Lopes, um dos gestores da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) para América Latina e Caribe, e o ministro Marco Farani, diretor da Agência Brasileira de Cooperação (ABC), assinaram um memorando de entendimento para formalizar um programa de intercâmbio de recursos humanos entre suas agências.
Isso facilitará a troca de experiências em pesquisas e a elaboração de programas conjuntos. A partir de abril, a USAID terá um funcionário nos escritórios da ABC, e ela manterá um funcionário no escritório da USAID para compartilhamento de experiências

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