Cuidado com o calote internacional

By Paulo Camurugi

Quem nunca tomou um calote? Eu já tomei vários, mas tem uns que ficam mais marcados do que outros. O incrível é que mesmo você se precavendo, o calote pode vir de qualquer lugar, ou de qualquer um. Já tomei calote de italianos, americanos, alemães, japoneses, chineses.  Você me pergunta: e de brasileiros? Respondo: de brasileiros também.

Mas o calote que ficou marcado mesmo foi com um egípcio. Eu estava começando com a minha empresa de comércio internacional, quando um parceiro meu de negócios precisava de uma trading para fazer uma exportação de chapas de granito.  Pelo nosso relacionamento - grande erro - acabei aceitando sem checar as informações e sem exigir garantias. 

O interessante foi que o endereço do cliente informava que a empresa ficava no condomínio Golf Towers.  Pelo nome imponente, pensei que estivesse se tratando de um condomínio empresarial de alto luxo. Mas como nem tudo que reluz é ouro, quando eu fui pessoalmente cobrá-lo, já que o valor da dívida não era tão baixo, eu tive a surpresa de saber que além de o prédio não pertencer a nenhum condomínio, era um imóvel parecendo um daqueles prédios pós-guerra, no Iraque.

Uma grande lição que aprendi e que vou passar para os leitores: jamais venda algo se não for com carta de crédito ou com pagamento antecipado.  Você pode até vender a prazo, mas isto só pode ser depois de muito tempo comercializando com cliente, pois é muito comum o importador comprar e depois colocar defeitos na mercadoria para conseguir algum desconto.

Mas você pode dizer que isso só acontece com país de risco. Ledo engano, pois isso também acontece com compradores do primeiro mundo.  Aconteceu com uma empresa alemã que me comprou dois contêineres de madeira e depois informou que a mercadoria não estava dentro de seu padrão de qualidade. Só que quando fui checar a mercadoria em seu depósito, pude constatar que ele só tinha uma pequena parte dela.  Já tinha comercializado a maior parte.

Golf Calote Tower.