segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Por que exportamos poucos produtos manufaturados?

By Paulo Camurugi


Por que o Brasil, sendo um grande país industrial, beneficiando-se de suas riquezas naturais e firmando-se cada vez mais na indústria têxtil, aeronáutica, farmacêutica, automobilística, siderúrgica e química, exporta tão poucos produtos manufaturados?

Nós podemos dar algumas explicações para isto, como valorização do real frente ao dólar, o que reduz automaticamente a competitividade do país frente aos concorrentes asiáticos; nossas leis trabalhistas, muito onerosas; o fato de o Brasil ser um país continental e as empresas preferirem comercializar dentro do mercado interno; falta de incentivo do governo federal; e tantas outras.

Mas independentemente de todas estas justificativas, não podemos ficar de braços cruzados.  Precisamos nos movimentar para mudar este quadro. Precisamos cobrar do Governo a ajuda às empresas, sejam pequenas, médias ou grandes, a se prepararem para exportar. O comércio internacional não é tão simples, mas também não é tão difícil.

O Governo precisa promover uma campanha nacional para transformar cada empresário brasileiro, seja de produtos ou serviços, em um vendedor internacional. As empresas podem também aproveitar a tecnologia, que já está ao seu alcance, para prospectar, para dar mais qualidade aos seus produtos, para pesquisar o mercado e para vender.  Hoje há muitos sites que ajudam a divulgar os produtos e com um preço acessível.  Quando comecei a exportar nos anos 90, computador era para poucos e até mesmo o telefone era artigo de luxo.  Hoje você pode falar em uma conferência com uma pessoa em Moscou, outra em Nova York, pelo Skype, sem pagar absolutamente nada: “Viva o Skype!”.

Precisamos também cobrar do governo a desoneração da carga tributária na cadeia produtiva que visa as exportações, colocando em prática o drawback verde amarelo. O Governo necessita liberar mais financiamentos e mais incentivos ao desenvolvimento tecnológico.  Há governos em outros países que doam terrenos, investem a fundo perdido, ou cobram taxas de financiamento simbólicas para os exportadores.

No Brasil, divulga-se muito a respeito de financiamento aos exportadores, como ACC (Adiantamento sobre Contrato de Câmbio) e ACE (Adiantamento sobre Cambiais Entregues), mas na hora em que o empresário, principalmente de pequeno porte, vai ao Banco para obter o empréstimo, é informado que o empréstimo não está mais disponível, pois todos os recursos já foram carreados para empresas de maior porte como, por exemplo, a Embraer.

Precisamos cobrar do Governo maior incentivo, pois não podemos deixá-lo, com seu despreparo, sem visão estratégica e fraqueza política, continuar a agir dessa forma com os exportadores. Precisamos fazer barulho, nos mobilizar.  Quem sabe assim, em um futuro não tão distante, não exportaremos somente bananas, mas também a cocada baiana fabricada em Jequié, uma cidade do interior da Bahia. Avante Brasil!  

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