terça-feira, 15 de março de 2011

Dólar sobe ante real com crise no Japão

Por SILVIO CASCIONE - REUTERS / estadao.com.br

SÃO PAULO - O dólar subiu nesta terça-feira, acompanhando a aversão a risco provocada pelo temor de uma crise nuclear de grandes proporções no Japão.

A moeda norte-americana teve alta de 0,30 por cento, a 1,667 real. Na máxima do dia, a 1,678 real, a taxa de câmbio alcançou o maior patamar desde 7 de fevereiro.

Explosões em reatores nucleares no Japão após o terremoto de sexta-feira espalharam o temor de um desastre atômico no país, com o aumento dos níveis de radioatividade e racionamento de energia. O medo provocou a queda de 10,55 por cento da bolsa de Tóquio.

Durante a tarde, porém, as bolsas internacionais diminuíram a queda e favoreceram um alívio da taxa de câmbio. Em relação às principais moedas, o dólar operava estável às 16h30, enquanto o mercado à vista fechava no Brasil.

Os japoneses estão entre os principais investidores estrangeiros no Brasil. Dados da Thomson Reuters apontam que, somente considerando os investimentos em bônus, os fundos sediados no Japão detêm quase 20 bilhões de dólares em aplicações no Brasil --terceiro país na preferência dos japoneses, atrás de Estados Unidos e Austrália.

A alta diminuiu a atenção do mercado por medidas do governo contra a valorização do real. Desde o dia 4 de março, quando o dólar fechou abaixo de 1,65 real pela primeira vez desde 2008, o mercado tem convivido com rumores e expectativas a respeito de uma intervenção ainda mais forte do governo contra a queda do dólar --considerando até a possibilidade de uma quarentena.

A jornalistas, no entanto, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que "uma coisa não tem nada a ver com a outra", sem dar mais detalhes.

Dados do Banco Central mostram que o fluxo cambial tem sido alimentado pela arbitragem realizada por instituições brasileiras, e não apenas estrangeiras.

Números do BC referentes a janeiro mostram que os bancos emitiram 2,162 bilhões de dólares em títulos de curto prazo --com duração até um ano.

Com isso, o endividamento externo de curto prazo do setor privado e do setor público financeiro por meio de operações de empréstimo com contrato de câmbio atingiu 28,056 bilhões de dólares em janeiro, 5,8 bilhões acima de dezembro.

"Pode acontecer, de fato, que não venha nenhuma medida. Pode ter sido apenas um blefe, Mas não acho que o Japão tenha influenciado de alguma forma", acredita Bruno Lavieri, analista da Tendências consultoria.

(Reportagem de Silvio Cascione; Edição de Aluísio Alves)

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