segunda-feira, 28 de março de 2011

Grãos retomam liderança

Por Ana Carla Poliseli / tribunadointerior.com.br


Historicamente, o Brasil é um dos principais importadores de trigo, mas de acordo com o último resultado da Balança Comercial realizado pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior, houve uma inversão nos números. As exportações do grão de Campo Mourão tiveram um saldo gigantesco e a qualidade do produto é apontada como um dos fatores para o sucesso nas vendas.


Apesar de sua tradição como importador, em algumas temporadas, o país exporta parte de sua produção, aquele excedente não apreciado para fabricação de farinha para panificação, setor que responde pela demanda nacional. Outro aliado foi que nesta temporada, os participantes do mercado ainda contaram com um programa do governo - o Prêmio de Escoamento do Produto (PEP) - que apoia a comercialização e subsidia o frete do produto até os portos. Além disso, os preços internacionais do trigo elevados também têm colaborado com as exportações.

Em janeiro e fevereiro de 2010, o município havia exportado 1.500 toneladas de trigo, o que representava menos de 4% no montante exportado por Campo Mourão. Agora, 12 meses depois, o total vendido para fora do país chegou a 41.650 toneladas, representando quase 86,94% do total de divisas conquistadas para o país. A secretaria avalia ainda a porcentagem de variação de um ano para o outro. No caso do trigo, há apenas um asterisco, explicando que o valor é superior a 999,99%. O número chega a parecer absurdo, mas a diferença entre os anos chega a 2.600%.

O bom resultado no município é reflexo do que vem ocorrendo no restante do Estado. O Paraná está exportando 750 mil toneladas da safra 2010. “Há uma demanda forte pelo produto brasileiro, especialmente devido à quebra da safra russa, e também porque o mercado externo está reconhecendo a qualidade do cereal brasileiro”, afirma o gerente técnico e econômico da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), Flávio Turra. A qualidade do trigo cultivado no Paraná está sendo comprovada por análises laboratoriais realizadas nos lotes que estão sendo embarcados pelas cooperativas paranaenses ao exterior.

Boas características

Pesquisa realizada pela Ocepar evidenciou as boas características do grão cultivado no Paraná. As análises de 135 amostras referentes as 550 mil toneladas de trigo do Paraná vendidas nos últimos leilões de PEP, apresentaram um valor médio de Força de Glúten (W) de 273 e de Falling Number (FN) de 319, o que caracteriza um trigo de excelente qualidade. “É um resultado importante que ajuda a desmistificar os argumentos de que o trigo nacional possui qualidade inferior”, acrescenta Turra.

Ainda de acordo com o gerente, a qualidade do trigo é resultado dos investimentos realizados nos últimos anos em tecnologia para cultivares. No Paraná e no Rio Grande do Sul, por exemplo, os cultivares da classe pão ou melhorador representavam 53% das áreas na safra de 2008. Em 2010, esse percentual aumentou para 79%. (Com informações da Assessoria da Ocepar)

Comercialização alavanca vendas

Outro motivo para as vendas estarem em alta para o mercado externo é a boa remuneração que o produto proporciona em relação ao preço no mercado interno. Para se ter uma ideia, no Paraná, o preço pago ao produtor, em fevereiro de 2010, foi de R$ 24,05 a saca de 60 quilos, sendo que no mesmo período desse ano, o valor passou para R$ 25,25/saca, o que representa um aumento de 5%. Por outro lado, no mercado internacional houve uma variação de 69% no preço de trigo, tomando-se como base a bolsa de Chicago, que é referência mundial de preços das commodities agrícolas.

Em fevereiro de 2010, a cotação do trigo em Chicago fechou em US$ 5,20 por bushel, o que equivale a US$ 11,50 por saca de 60 quilos e, no último mês de fevereiro, foi cotado a US$ 8,8 por bushel, o que equivale a US$ 19,40 a saca do cereal. De acordo com dados da Companhia Nacional de Abastecimento, na safra 2009, o Brasil exportou um milhão, cento e setenta mil toneladas de trigo, contra um milhão, quatrocentas e cinquenta mil toneladas da safra 2010, uma variação de 24%.

Até o momento foram vendidas 70% das três milhões, quatrocentas mil toneladas da safra passada e os triticultores paranaenses já iniciaram a semeadura do ciclo 2011.

Com o escoamento da produção de trigo para o mercado interno, ocorreu a elevação de 10% a 19% nos preços do grão no mercado interno. Uma das vantagens em manter o país como exportador é que as vendas internas ganham um competidor fortalecendo preços e intensificando o fluxo da comercialização. Especialistas apontam que a exportação melhora o desempenho dos produtos. (Com informações da Ocepar)

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